A turma do GEPFEM

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Da esquerda para a direita: Weligton, Selma, Jorge, Giselle, Newton, Meng, José e Antônia

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Aprender a ler e interpretar problemas em matemática

Reflexões sobre o ensino-aprendizagem em matemática

É freqüente os professores acreditarem que a dificuldade apresentada por seus alunos em ler e interpretar um problema de matemática esteja associado a pouca competência que eles têm para leitura. Também é comum a concepção de que se o aluno tivesse mais fluência na leitura nas aulas de língua materna ele seria um melhor leitor nas aulas de matemática. Mais isso pode não ser de todo verdade.

O estilo no qual o problema de matemática é escrito, a falta de compreensão de um conceito envolvido no problema, o uso de termos específicos da matemática e que, portanto, não fazem parte do cotidiano do aluno, e mesmo palavras que têm significados diferentes na matemática e fora dela ser obstáculos para que a compreensão ocorra.

Para que tais dificuldades sejam superadas e até evitadas é preciso cuidado com a proposição dos problemas. Cuidado com a leitura que o professor faz do problema, cuidado em propor tarefas específicas de interpretação do texto do problemas, ter enfim um conjunto de intervenções didáticas destinadas a levar os alunos a lerem problemas de matemática com autonomia e compreensão.

Uma das estratégias é escrever uma cópia do problema no quadro e fazer com os alunos uma leitura cuidadosa. Primeiro do problema todo, para dar uma idéia geral da situação, depois mais vagarosamente, para que percebam as palavras do texto, sua grafia e seu significado. Perguntas pertinentes devem ser aplicadas, como por exemplo:

Quem pode me contar o problema novamente? Há alguma palavra nova ou desconhecida? Do que trata o problema? Qual é a pergunta chave do problema?

Não resolver o problema pelos alunos durante a discussão e também, não tornar esse recurso uma regra ou conjunto de passos obrigatórios que representem um roteiro de resolução. Se providenciar para cada aluno uma folha com o problema escrito, pode-se ainda pedir aos alunos que encontrem e circulem determinadas palavras. Deve-se trabalhar com palavras e frases que sejam significativas para os alunos inclusive aquelas que se relacionarem com noções matemáticas. Os problemas são resolvidos após toda a discussão sobre o texto, que a essa altura já deverá ter sido interpretado e compreendido pela classe.

O professor deve propor aos alunos que registrem no caderno ou em um dicionário as palavras novas que aprenderam, ou aquelas sobre as quais tinham dúvida. Os termos que tenham significados diferentes em matemática e no uso cotidiano devem ser registrados no caderno com ambos os significados. Pode-se inclusive escrever frases que ilustrem esses significados. Obviamente esse assunto não se esgota aqui.

As ações que nós como professores empreendemos para dotar nossos alunos de capacidade de leitura e interpretação não podem ser esporádicas nem mesmo isoladas. A tarefa de formar leitores é todos os professores da escola, inclusive do professor de matemática. Ler e escrever nas diferentes disciplinas constitui uma das chaves mais essenciais para a formação da autonomia a partir da escola.

Baseado em artigo das professoras:

Kátia Stocco Smole é Dra. em Educação pela FEUSP, na área de ensino de matemática. E Maria Ignez Dra. do IME/USP e da FEUSP.
Ambas coordenam o grupo de formação e pesquisa Mathema, de São Paulo.
            

Um comentário:

  1. Na busca de textos que validem minha proposta de professor, o que penso e faço, encontrei esta pérola. De leitura fácil e grandioso em seu valor. Obrigado GEPFEM.

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